Na minha primeira postagem, onde questionei “Que força é essa
que impulsiona várias pessoas de diferentes portos, crenças, idades e
nacionalidades”. Agora também sei o que é essa força essa magia.
No Caminho vivemos principalmente o Eu, mas sempre com
atenção ao Outro. O esforço, o medo, as dúvidas, o entusiasmo, o cansaço
extremo, não poderia deixar de agradecer a força, a preocupação e o incentivo de não desistir do irmão, amigo Lelê comigo
e nossa com os novos amigos do caminho.
Seja qual for motivação. Seja
qual for a crença de cada um. Concentremo-nos apenas no momento da decisão e na
persistência com que se percorrem Kms e Kms de terra, monte, bosques e estradas
sem fim. Quem já fez o Caminho de Santiago entende o alcance destas palavras.
Da inspiração que provoca, da energia que se recebe. Principalmente das pessoas
com quem nos cruzamos. Das histórias que ouvimos.
O Caminho de Santiago é uma experiência de vida, repleto de metáforas, onde
encontramos um pouco de tudo. Basta sabermos olhar e ouvir. Do esforço à
recompensa, das tentações do atalho ao prazer de não nos desviarmos. Conhecemos
peregrinos de diversos cantos do mundo com o mesmo objetivo, que deixamos de
ver e com quem temos reencontros emotivos e lidamos com quem não chegamos a
conhecer. mas que passa a ter conosco uma inexplicável ligação. “Buen Camino!” – repetimos vezes sem fim,
como se fosse a primeira.
Tal como a vida, o Caminho é
dividido em três pilares a superar. O primeiro é o físico. Os diversos montes a
conquistar, A dor, o sol, chuva , calor, frio e fome. O segundo é o mental, a saudade, as reflexões .
A terceira é a espiritual. A magia que fica do Caminho. Em todas elas
preparamo-nos para as etapas seguintes. De todas elas guardamos fragmentos que
nos acompanharão para sempre.
Ao longo do Caminho, são
revelados pequenos santuários, em montes esquecidos, em muros, no meio do nada ou em capelas e igrejas e,
percebemos algumas das motivações individuais, onde vemos homenagens aos entes
queridos, promessas ou simplesmente um “Buen
camino” aos que por ali passarão.
Cumprida esta missão, acredito que o Caminho estará comigo para sempre
como lição viva, de superação pessoal, como prova incontestável de conquista e também da certeza que este foi o primeiro de muitos outros que virão.
Ultreia y Suseia!